Quando foi encontrado por policiais militares da UPP
Pavão-Pavãozinho dentro da creche Lar de Pierina, no morro de Copacabana, no
início da manhã de 22 de abril, o corpo de Douglas Rafael da Silva Pereira, o
DG, estava vestido com uma camisa listrada azul e branca do avesso. O tiro que
matou dançarino deixou uma marca de entrada, na base das costas, e outra de
saída, no ombro. A roupa, entretanto, permaneceu misteriosamente intacta:
segundo laudo de local de crime, , a “inspeção dos trajes da vítima revelou que
a camisa encontrava-se vestida do avesso e não havia perfurações”.
O documento, assinado pelo perito Fabio Ferreira Neves,
ainda aponta a existência de “um ferimento pérfuro-cortante” e de “manchas de
sangue” nas regiões onde o projétil entra e sai do corpo. Onze meses após a
abertura do inquérito pela 13ª DP (Ipanema), o laudo pode dar novos rumos à
investigação. Policiais civis da unidade, peritos e membros do MP ouvidos já suspeitam que houve fraude processual, ou
seja, que DG foi vestido após ser assassinado.
O disparo que matou
Douglas causou diversas fraturas na articulação do ombro. Por isso, ele não
teria condições de, sozinho, vestir a camisa com a qual foi encontrado. Pelo
laudo, podemos dizer que ele morreu com o tórax desnudo e foi vestido depois.
Além disso, com essas fraturas no ombro ele jamais conseguiria pular tantos
obstáculos para chegar até a creche — afirmou o perito Leví Inimá de Miranda,
após examinar o laudo.
A Polícia Civil já sabe que o tiro que matou DG partiu da arma
de um policial. Como revelou com exclusividade, um laudo de reprodução simulada
elaborado pela Divisão de Homicídios (DH) concluiu que DG foi atingido quando
fugia, pela janela, de um prédio invadido por policiais. O atirador foi um dos
seis PMs que aguardava a incursão fora do prédio, na Avenida Pavãozinho.Procurada
para explicar como a camisa permaneceu intacta apesar do disparo, a Polícia
Civil se limitou a afirmar, por nota, que “as investigações estão em
andamento”
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