Depois de aprovar semana passada o projeto de lei que
dificulta a fusão de partidos, o Senado avançou na reforma política, com a
aprovação nesta terça-feira da emenda constitucional 40 que acaba com as
coligações para as eleições proporcionais: deputados federais, deputados
estaduais e vereadores. A mudança permite coligações apenas para eleições
majoritárias: presidente, governador, senador e prefeito, e visa fortalecer os
partidos, acabar com as coligações fisiológicas, com as legendas de aluguel,
reduzir a barganha de partidos em troca de tempo de TV e rádio nas campanhas
eleitorais, e impedir, por exemplo, que o eleitor vote em um candidato
celebridade de um partido e, com sua votação extraordinária, eleja outros, de
outros partidos, com votação insignificante.
Foi o que aconteceu com a eleição do deputado Tiririca
(PR-SP) em 2010 , que com 1.350 milhão de votos, ajudou a eleger outros três
deputados da coligação, inclusive Protógenes Queiroz (PcdoB-SP), que teve
apenas 94,9 mil votos. Acabamos com o engodo do eleitor votar em um candidato e
eleger outro - apoiou a senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO).Semana que vem o
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) prometeu colocar em votação a
emenda do financiamento de campanha. O modelo atual exclui os mais votados. Os
partidos procuram celebridades que tem um milhão de votos e puxam outros com
votação inexpressiva . Os eleitos não são os mais votados! Isso é uma distorção
- defendeu o senador Waldemir Moca (PMDB-MS).
Estamos diante de uma encruzilhada. Ou votamos isso ou os
partidos continuarão se desgastando diante da opinião pública. Isso pode dar o
que os partidos não tem: identidade e nitidez programática que possa se
identificar com os eleitorado . Hoje se vota nas pessoas e não nos partidos -
ponderou o senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN).
A emenda teve o apoio de todos os partidos: 61 votos sim,
sete não e duas abstenções. Mas alguns senadores alertaram que a PEC
dificilmente será aprovada na Câmara, onde deputados de pequenos partidos
teriam dificuldade de formar chapa para disputar as eleições. O senador Marcelo
Crivela (PRB-RJ), um dos votos contrários, disse que a PEC é inconstitucional
porque viola o artigo 5º da Constituição, que determina a livre organização dos
partidos. Essa emenda não passará na Câmara, onde os 28 pequenos partidos se
oporão a ela. E se passar o Supremo vai derrubá-la - disse Crivela.
O presidente do Democratas, senador José Agripino Maia (RN)
também disse ser necessário encontrar uma fórmula de ressalvas e
progressividade, para que passe na Câmara dos Deputados. Passar aqui é fácil,
já que somos todos senadores. Mas tem que passar na Câmara e é lá onde está a
vivência real do problema. Se não houver uma progressividade será derrotada na
Câmara - disse Agripino.O senador Omar Aziz (PSD-AM) lembrou que acaba a
coligação proporcional, mas não acaba o voto de legenda, o que dificultará a
vida dos pequenos partidos. Para acabar com a desigualdade, temos que acabar
com a coligação proporcional e com o voto de legenda. Hoje ninguém vota em
partido político, vota em pessoas - disse Omar Aziz.
O senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) perguntou Renan se havia
uma negociação para encaminhar a votação na Câmara. Temos que buscar uma
convergência para melhor encaminhar essa questão - prometeu Renan.
O texto que altera o artigo 17 da Constituição diz : “São
admitidas coligações eleitorais, exclusivamente nas majoritárias, cabendo aos
partidos adotar o regime e os critérios de escolha, sem obrigatoriedade de
vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital e
municipal”.
O senador José Serra (PSDB-SP), seguindo orientação do
partido, votou favoravelmente a PEC, mas defendeu a reapresentação de uma
emenda apresentada pelo senador Álvaro Dias (PSDB-PR), estabelecendo que as
coligações majoritárias só contabilizem o tempo do candidato e do vice para a
propaganda de rádio e TV. A emenda de Dias foi rejeitada no parecer final do
senador Valdir Raupp(PMDB-RO).-Temos hoje um verdadeiro mercado persa na
negociação do tempo de rádio e TV – disse Serra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
sua postagem será publicado após aprovação