O Departamento Penitenciário Nacional (Depen) acatou a
recomendação do Ministério Público Federal (MPF) em Mossoró, enviada no final
de 2014, e reduziu em 25% a quantidade de calorias das refeições nas
penitenciárias federais, para evitar o desperdício de alimentos e de dinheiro
público. Segundo informações da direção da Penitenciária
de Mossoró, em média
15kg de comida são jogados no lixo por dia, o equivalente a 450kg por mês,
aproximadamente 5,4 toneladas ao ano.Somente no almoço e no jantar, eram
servidos 1kg de alimentos por preso, em cada refeição, constituindo as maiores
fontes de desperdício. Com a redução, o novo quantitativo servido será de 715g
por refeição. De acordo com o Depen, um especialista em nutrição foi contratado
para elaborar um cardápio que atendesse as necessidades calóricas diárias, com
redução das calorias, tendo em vista os relatos de desperdício de alimentos e
de aumento de peso de vários internos.
O procurador da República Emanuel Ferreira, autor da
recomendação, explica que os 15kg diários que vinham sendo desperdiçados
representam 17% do total de alimentos adquiridos, que “retornam como sobra e
vão para o lixo”. Levando-se em conta os 87 presos atualmente no local, esse
desperdício equivale a um prejuízo de R$ 175.328,83 ao ano.A capacidade total
do presídio é de 208 presos, mas o contrato de fornecimento das refeições prevê
em 167 a quantidade diária de fornecimento estimada. Considerando esse número,
as perdas podem chegar a R$ 350.657,66. Os presos recebem cinco refeições
diárias (desjejum, almoço, lanche, jantar e ceia), além de uma refeição
especial em datas comemorativas. O contrato anual com a empresa fornecedora é
de até R$ 2.062.692,15.A recomendação do MPF, contudo, alertava que as reduções
não podem vir a prejudicar o direito à alimentação adequada dos presos, mas sim
buscar “o necessário equilíbrio entre o contratado e o que deve ser consumido,
não se cogitando de qualquer perda de qualidade na alimentação fornecida”.
“A atuação do MPF no caso mostra como é possível alcançar
bons resultados através de instrumentos extraprocessuais como as recomendações
expedidas, por exemplo, para se buscar uma melhor prestação dos serviços
públicos. Evitando recorrer ao Poder Judiciário em situações possíveis de
solução através do diálogo, o MPF cumpre seu papel de maneira dupla, eis que
contribui para descongestionar o Judiciário, ocupando, ainda, seu espaço institucional
com protagonismo”, observa o procurador.Reaproveitamento – Além de combater os
desperdícios, o MPF recomendou que o Depen elaborasse um projeto que previsse
alguma forma de utilização dos alimentos não consumidos, levando em conta
recomendações da FAO, como as de proceder ao reaproveitamento ou, quando isso
não for possível, promover a reciclagem. Em relação a esse último ponto, o
Ministério da Justiça ainda não se pronunciou, mas a Penitenciária Federal de
Mossoró tem remetido os resíduos alimentares para alimentação de suínos no
Complexo Penal Estadual Agrícola Dr. Mário Negócio, fazendo com que haja
reaproveitamento das sobras na alimentação animal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
sua postagem será publicado após aprovação