A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou
na sexta-feira com pedido no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP)
para suspender o inquérito aberto pelo Ministério Público Federal (MPF) para
investigá-lo por tráfico de influência.Segundo o processo de investigação
aberto pelo procurador Valtan Timbó Mendes Furtado, da Procuradoria da
República no Distrito Federal, na quinta-feira (16), o objetivo é averiguar
suposto tráfico de influência internacional do ex-presidente Lula para
favorecer a Construtora Odebrecht, uma das empreiteiras investigadas na Operação
Lava Jato.
Os advogados do ex-presidente argumentam que Valtan Furtado
teria interferido em apuração conduzida pela procuradora Mirella Aguiar, que
está de férias. Ainda de acordo com o pedido de suspensão, é falso o argumento
usado pelo procurador para pedir a instauração do processo: a iminência de esgotamento
do prazo de tramitação.De acordo com o pedido dos advogados, o procurador
instaurou o processo investigatório criminal (PIC) contra o ex-presidente no
último dia 8 – um dia antes de serem protocolados junto ao Ministério Público
os esclarecimentos da defesa de Lula aos questionamentos da Notícia de Fato –
portanto, desconsiderando o direito de ampla defesa, garantido pela
Constituição. O prazo final para entrega da defesa do ex-presidente, conforme
definição da procuradora titular, era 11 de julho. Já o prazo final para o
processo de apuração preliminar como um todo, que antecede a decisão de
abertura do PIC, era 18 de setembro.
Eles também dizem que Valtan Furtado não integra os órgãos
do Ministério Público que poderiam se ocupar da investigação enquanto Mirella
está em férias. De acordo com os advogados, houve “violação dos deveres funcionais”
por parte do procurador.Além da suspensão do processo, os advogados do
ex-presidente também pedem a abertura de sindicância e processo administrativo
disciplinar referente às atitudes de Furtado. “Vê-se, com isso, que houve
verdadeiro atropelamento, desrespeito e tumulto ocasionado pelo procurador
Valtan Furtado nas investigações preliminares em curso, no âmbito da ‘Notícia
de Fato’, o que macula inexoravelmente a sua isenção funcional e, ipso facto, a
própria idoneidade e higidez da investigação levada a efeito na ‘Notícia de
Fato’”, diz o texto.
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