A Universidade Federal do Rio Grande do Norte é pioneira no
Brasil no uso do Desbridamento Biológico em humanos, termo técnico utilizado
pelos profissionais para a aplicação intencional de larvas de moscas em
ferimentos de difícil cicatrização. Desde 2011, o projeto “Uso da Terapia
Larval no tratamento de úlceras de difícil cicatrização em pacientes no
Hospital Universitário Onofre Lopes”, é desenvolvido por uma equipe do
Departamento de Microbiologia e Parasitologia do Centro de Biociências da UFRN.A
coordenadora do projeto e professora do CB/UFRN, Renata Antonaci Gama,
enfatizou que a aplicação em humanos é pioneira no Brasil, porém é utilizada
comumente nos hospitais dos Estados Unidos, Europa e alguns países da América
Latina.
O desbridamento biológico consiste na utilização de larvas
estéreis de moscas criadas em laboratório sobre úlceras crônicas com a presença
de tecido morto, na finalidade de otimizar a cicatrização destas lesões. Após a
captação dos insetos no meio ambiente, manutenção do mesmo em laboratórios,
poedura e esterilização dos ovos, as larvas são encaminhas ao hospital onde são
aplicadas sobre as úlceras.Elas são necrobiontófagas, isto é, alimentam-se de
tecidos mortos de um animal vivo. Atualmente são utilizadas duas espécies: a
Chrysomya Putoria e Chrysomya Megacephala. “Elas auxiliam na cicatrização
alimentando-se somente de tecido necrosado, pus e bactérias, preservando a
parte saudável do ferimento”, explicou Renata.As larvas são colocadas e
mantidas na ferida durante 48 horas. Nesse período, ingerem a parte morta, pus
e bactérias que, ao passar pelo sistema digestório, morrem. Adicionalmente,
nesse processo, ao se locomoverem sobre a lesão, liberam amônia e proteínas
cicatrizantes que matam as bactérias, estimulando a cicatrização.Este projeto
teve início em 2011, obtendo excelentes resultados nos pacientes que receberam
a terapia larval. Logo, muitos fatores comprovaram o procedimento como uma
alternativa viável, tanto do ponto de vista econômico quanto científico no
tratamento de feridas e um importante aliado na diminuição das amputações.
“Nossa expectativa é conseguir financiamento para cultivar larvas em larga
escala” afirmou a pesquisadora Renata.
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