quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Festa que oferecia R$ 100 para mulher tirar calcinha é investigada no PI

Cartaz que estimulava mulheres a tirarem calcinha em show por R$ 100, no PI
O Ministério Público Estadual do Piauí solicitou à Polícia Civil do Estado que abra inquérito para investigar a festa intitulada "Pagode da Calcinha", marcada para ocorrer na noite desta quinta-feira (29), em uma casa de shows em Teresina. O cartaz do evento oferece R$ 100 às mulheres que subirem no palco e tirarem a calcinha.Na página de uma rede social do organizador da festa, o cartaz já foi removido, e o nome da festa, alterado para "Grave da Chica", referência a uma das bandas do evento, Chica Égua. Segundo o organizador, um ataque hacker alterou o anúncio publicado nas redes sociais.A festa ganhou repercussão após receber críticas e compartilhamentos nas redes sociais
. Após denúncia, as promotorias do Núcleo de Defesa da Mulher Vítima de Violência solicitaram abertura de inquérito para investigação policial.O caso está na Delegacia da Mulher Norte de Teresina. O organizador da festa prestou depoimento pela manhã.Em nota, a promotora Maria do Amparo de Sousa Paz, que coordena o núcleo do MP, manifestou "profundo repúdio" à festa que iria colocar "a mulher como mero objeto sexual, uma concepção formulada por uma sociedade que permanece estruturalmente machista"."Tal festa está na contramão de todas as estratégias de prevenção à violência contra a mulher, pois reforça o sexismo e o machismo exacerbado existentes na sociedade brasileira, que ainda preserva características patriarcais", disse.Para a promotora, esse tipo de manifestação tenta "legitimar, naturalizar ou justificar" a violência de gênero. "Assim, incitar a 'coisificação' da mulher é um desrespeito incalculável e transmite a toda a sociedade que a mulher não é sujeito de direitos, mas sim um objeto que existe para satisfazer as vontades masculinas", pontuou.A promotora afirmou que ter sido a primeira vez que teve informações a respeito de uma festa nesses moldes e que nunca houve denúncia similar. Ela lembrou que, em 2012, a banda Chica Égua se envolveu em outra polêmica: uma coreografia de uma de suas músicas simulava a prática de sexo oral. O UOL tentou contato com os organizadores da festa por meio do telefone informado no cartaz, mas não obteve resposta. Em entrevista à "TV Cidade Verde", o responsável pela festa, Jorge Cruz Júnior, afirmou, após procurar a polícia para esclarecer o caso, que foi vítima de uma armação."Eu tenho certeza que foi [hackeado] porque já tenho dois anos trabalhando nessa área e nunca foi criada uma coisa desse tipo. Por que agora seria? Nosso intuito é trabalhar com decência, levando nossa mensagem, que é a swingueira para todo mundo", afirmou.

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