O Ministério Público Estadual do Piauí solicitou à Polícia
Civil do Estado que abra inquérito para investigar a festa intitulada
"Pagode da Calcinha", marcada para ocorrer na noite desta
quinta-feira (29), em uma casa de shows em Teresina. O cartaz do evento oferece
R$ 100 às mulheres que subirem no palco e tirarem a calcinha.Na página de uma
rede social do organizador da festa, o cartaz já foi removido, e o nome da
festa, alterado para "Grave da Chica", referência a uma das bandas do
evento, Chica Égua. Segundo o organizador, um ataque hacker alterou o anúncio
publicado nas redes sociais.A festa ganhou repercussão após receber críticas e
compartilhamentos nas redes sociais
. Após denúncia, as promotorias do Núcleo de
Defesa da Mulher Vítima de Violência solicitaram abertura de inquérito para
investigação policial.O caso está na Delegacia da Mulher Norte de Teresina. O organizador
da festa prestou depoimento pela manhã.Em nota, a promotora Maria do Amparo de
Sousa Paz, que coordena o núcleo do MP, manifestou "profundo repúdio"
à festa que iria colocar "a mulher como mero objeto sexual, uma concepção
formulada por uma sociedade que permanece estruturalmente machista"."Tal
festa está na contramão de todas as estratégias de prevenção à violência contra
a mulher, pois reforça o sexismo e o machismo exacerbado existentes na
sociedade brasileira, que ainda preserva características patriarcais",
disse.Para a promotora, esse tipo de manifestação tenta "legitimar,
naturalizar ou justificar" a violência de gênero. "Assim, incitar a
'coisificação' da mulher é um desrespeito incalculável e transmite a toda a
sociedade que a mulher não é sujeito de direitos, mas sim um objeto que existe
para satisfazer as vontades masculinas", pontuou.A promotora afirmou que
ter sido a primeira vez que teve informações a respeito de uma festa nesses
moldes e que nunca houve denúncia similar. Ela lembrou que, em 2012, a banda
Chica Égua se envolveu em outra polêmica: uma coreografia de uma de suas
músicas simulava a prática de sexo oral. O UOL tentou contato com os
organizadores da festa por meio do telefone informado no cartaz, mas não obteve
resposta. Em entrevista à "TV Cidade Verde", o responsável pela
festa, Jorge Cruz Júnior, afirmou, após procurar a polícia para esclarecer o
caso, que foi vítima de uma armação."Eu tenho certeza que foi [hackeado]
porque já tenho dois anos trabalhando nessa área e nunca foi criada uma coisa
desse tipo. Por que agora seria? Nosso intuito é trabalhar com decência,
levando nossa mensagem, que é a swingueira para todo mundo", afirmou.
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