Em meio à maior crise financeira e hídrica que assola boa parte dos
municípios do Rio Grande do Norte, a tradicional festa de Carnaval realizado em
Macau, localizada na região da Costa Branca potiguar, foi cancelada nessa
terça-feira (19) pela empresa organizadora. A decisão foi tomada em meio ao
impasses entre a prefeitura do município, a iniciativa privada e o Ministério
Público Estadual (MPRN).
Frankie Marcone
Tradicional carnaval de Macau não será realizado em 2016, afirma empresa organizadora
Na manhã de ontem (19), o empresário Serginho Lisboa, administrador da
empresa responsável pela organização do "mela-mela" e das atrações da
Arena Carnaval, divulgou nota nas redes sociais em que reforçou a
impossibilidade de realizar a festa diante da falta de garantias oferecidas
pelo município. "Poderíamos [realizar os eventos] se tivéssemos as
garantias reais de segurança, saúde e infraestrutura para o carnaval. Busquei
contato com o prefeito e não consegui. Precisava de garantias escritas e assinadas",
disse em nota.
Ainda segundo o empresário, o Ministério Público sinalizou
que poderia intervir com medida cautelar caso a realização do carnaval se
concretizasse, cancelando as atividades em cima da hora. Além disso, Lisboa
acredita que o Carnaval está sendo alvo de "boicote" por "por
quase todos que detém de influência política", conforme afirmou na
publicação.
A administração municipal recebeu recomendação do MPRN para
não custear os festejos ligados ao Carnaval, como o pagamento de bandas e
artistas que se apresentariam durante os dias de folia.
Conforme adiantou TRIBUNA DO NORTE, em reportagem publicada
no último domingo (17), o prefeito interino Einstein Batista declarou que a
gestão acata a decisão do MPRN, mas garantiu a segurança e apoio necessário aos
blocos de rua. "Esse apoio é necessário para garantir que Macau continue
com um dos maiores carnavais do RN. O carnaval acontecerá de todo jeito, pois é
uma manifestação popular e essa tradição não acabará de forma alguma",
disse.
Dentre os pontos que competem à prefeitura, estão o pagamento
de diárias operacionais e fornecimento de alimentação aos agentes de segurança
(policiais e guardas); ampliação de pessoal nas unidades de pronto atendimento;
pagamento da conta de água dos prédios públicos; efetivo extra para organização
do trânsito.
A contratação de banheiros químicos esbarra na recomendação
do MPRN, mas a prefeitura entende que é necessária durante os percursos de rua,
como o "mela-mela".
A reportagem tentou contato durante toda a tarde desta
terça-feira com o prefeito de Macau para saber se houve recuo na decisão de
fornecer o apoio necessário à realização do evento. Porém, até o fechamento
desta reportagem, as ligações não foram atendidas. Da mesma forma, o empresário
Serginho Lisboa e a Promotoria do MPRN em Macau não atenderam às ligações
feitas.
Carnaval de
Mossoró é cancelado devido a crise
Outro município
potiguar que anunciou o cancelamento da programação de Carnaval foi a cidade de
Mossoró, na região Oeste. De acordo com a Prefeitura de Mossoró, a falta de
recursos motivou a decisão de não realizar os eventos públicos ligados à folia,
como os tradicionais desfiles das escolas de samba, o concurso de Rei e Rainha,
o Caia na Gandaia, dentre outros.
A secretária de cultura Isolda Dantas lamentou a decisão, mas
considerou que foi o melhor a se fazer em meio à crise financeira.
"Lamentamos não poder ajudar as agremiações, mas foi a medida correta nos
anteciparmos. Não podíamos correr o risco de realizar o carnaval e depois
ficarmos na situação de não termos condições de fazer os pagamentos”, explicou.
A exemplo de Macau, a gestão municipal mossoroense garantiu
aos moradores o apoio logístico aos eventos organizados em bairros, como
serviços de limpeza e ordenação de tráfego em ruas e avenidas.
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