Uma decisão sobre tratamento de saúde pode envolver fatores
alheios ao Direito que acabam levando à consulta de opinião médica como recurso
para embasar julgamentos. Para esse atendimento, pelo menos 70% dos tribunais
de Justiça do país (19 entre 27), incluindo o TJ do Rio Grande do Norte, contam
com o serviço do Núcleo de Apoio Técnico (NAT) ou Câmara Técnica.São comitês
formados por profissionais de Medicina, Farmácia e Serviço Social,
entre
outros, que, juntos, apoiam o magistrado no exame de causas ligadas à saúde, em
especial as que tratam do fornecimento de remédios. Entre os critérios
utilizados nesses casos está a verificação de registro da medicação na Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), adequação ao tratamento da doença e
opção de custo menor com o mesmo princípio ativo fornecido pelo Sistema Único
de Saúde (SUS).O trabalho dos NATs só é realizado se o órgão for procurado pelo
juiz, que encaminha, então, cópia da petição inicial e dos documentos ao
núcleo. O juiz também tem a prerrogativa de acolher ou não o parecer do núcleo
na tomada de decisão. Mesmo diante de parecer que ateste improcedência do
pedido, cabe ao magistrado decidir conceder ou não medicamento fora da lista do
SUS, por exemplo.O órgão auxilia, ainda, a execução de decisões quando
demandados criam obstáculos e simplifica o atendimento de demandas na
Defensoria Pública. Ajuda, também, a defender entes públicos e celebrar
acordos, além de contribuir na produção de provas, ao participar em audiências
e emitir pareceres.Estímulo A criação desses comitês de apoio foi estimulada
pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) por meio da Recomendação 31/2010. O
intuito foi incentivar tribunais estaduais e regionais federais a adotarem
medidas para melhor subsidiar os magistrados e demais operadores do direito,
para assegurar maior eficiência na solução das demandas judiciais envolvendo a
assistência à saúde. Um dos meios seria a celebração de convênios que objetivem
disponibilizar apoio técnico composto por médicos e farmacêuticos para auxiliar
os magistrados na formação de um juízo de valor quanto à apreciação das
questões clínicas. Outra recomendação é que a legislação relativa ao Direito
Sanitário seja incluída como matéria individualizada no programa de Direito
Administrativo dos respectivos concursos para ingresso na carreira da
magistratura.Pesquisa realizada entre 2013 e 2014 junto a tribunais, sob
encomenda do CNJ, apontou queda da judicialização em municípios após a
instalação dos NATs. Isto porque os núcleos também agem na prevenção ao
ingresso de processos judiciais pela solução administrativa dos conflitos, e no
suporte à gestão, ao mapear os pleitos mais comuns.
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