Uma mulher em Camocim, no litoral oeste do Ceará, chamou
atenção neste feriado de finados por um sonho inusitado: celebrar, em vida, o
próprio velório. O proprietário da funerária, Paulo Araújo, conta que a mulher
tentava realizar o desejo há pelo menos cinco anos, mas até então havia sido
negado. Neste ano, porém, ele concordou, e nesta quarta-feira (2) o velório de
Vera Lúcia de Araújo Silva aconteceu com direito a caixão, flores e maquiagem.Vera
Lúcia explica que o sonho é antigo, porém, muitos duvidavam que um dia ela
realizaria o desejo. “Eu quero meu velório há 14 anos. Esperei muito. Quando
convidei amigos e minha família eles pensaram que eu estava de brincadeira, nem
ligaram”, relata a mulher. O dono da funerária lembra ainda que a mulher, que
não tem filhos, encontrou resistência da família. “O esposo não queria deixar,
mas a família abriu mão”, disse.A cerimônia aconteceu ao longo de todo o dia,
nesta quarta-feira, 2,
de 9h às 18h, no Cemitério Jardim Eterno, com a presença
de familiares, amigos e curiosos. “Veio todo mundo meu sogro, minha sogra,
irmã, cunhado e amigos. Eles ficaram de boca a aberta e respeitaram o momento. Uma
amiga até chorou e pediu para eu me levantar. No entanto, uma funcionária
revele que, na verdade, todos caíram na gargalhada quando se depararam com a
cena.“Ela ficou deitada no próprio caixão, tinha esse desejo. Foi invenção dela
mesmo. Todo velório aqui ela gosta de estar presente”, narra o empresário. “Eu
dizia que não porque depois o povo ia falar que a gente agourou, trouxe
maldição, iam acabar associando, e a funerária não tem esse lado. Mas ela pediu,
pediu, pediu”, diz Paulo.O dono da funerária relata que não cobrou nada da
“cliente” e cedeu o espaço e os materiais. “Eu cheguei, me maquiaram, e
preparam como se fosse um defunto mesmo. Me deitei e não me levantei mais. Meus
únicos alimentos foram água de coco e chá”.Para que o sonho fosse completo a
‘cliente’ ainda fez um último pedido. “Antes que meu velório termine, já pedi
para todos que fechem com a tampa o caixão e me carreguem por uns dois minutos,
como se fosse enterrar”.
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