A população mais pobre está estudando mais e o programa
Bolsa Família potencializou o resultado na última década. O tempo de
permanência na escola entre os 20% mais pobres com até 21 anos cresceu 36%
entre 2003 e 2013. Entre os 20% mais ricos, os anos de estudo aumentaram 4% no
período. A redução da desigualdade pode ser percebida desde o início dos anos
1990. Em 1992, os 20% mais pobres registravam, em média, 3,8 anos de
escolaridade.
Em 2013, essa média alcançou 8,3 anos de estudo, ou seja, mais do
que dobrou o tempo de escolaridade da população mais pobre. Entre os 20% mais
ricos, a média passou de 9,1 anos para 11,7 – 28% a mais. O resultado aparece
em levantamento feito pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome (MDS), com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
(Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O estudo revela também que o Bolsa Família contribuiu para a
redução da desigualdade ao exigir e acompanhar a frequência escolar de crianças
e jovens. Comparando o período de 2003, ano de criação do programa de
transferência de renda, com 2013, o tempo de permanência nos estudos entre os
20% mais pobres saltou de 6,1 anos para 8,3. Entre os 20% mais ricos, a média
de anos de estudo passou de 11,2 para 11,7 anos. Além de garantir
complementação de renda às famílias, o Bolsa Família permite que uma geração de
brasileiros supere a pobreza por meio dos estudos. É o caso de Dorival
Gonçalves dos Santos Filho, 32 anos. Natural de Piedade, cidade no interior de
São Paulo, ele passou boa parte da infância acompanhando a mãe no lixão. Catava
material reciclável para tentar vender e garantir algum dinheiro complementar à
renda da família. A trajetória de pobreza fez com que Dorival deixasse os
estudos na 8ª série, embora a mãe, Crélia de Oliveira, que só chegou à 4ª
série, sempre o incentivasse a estudar. A volta aos estudos aconteceu bem mais
tarde, quando ele já havia completado 20 anos. “Não pensava em ir pra
faculdade. Quando surgiu o ProUni[Programa Universidade para Todos], pensei em
tentar o programa, mas queria mesmo terminar o ensino médio.” Em 2004, com a
complementação de renda do Bolsa Família paga à mãe, Dorival sentiu-se motivado
a tentar o ensino superior. “Com o Bolsa Família, a renda deu uma melhorada e
eu fui buscar meu sonho”. Hoje, ele cursa doutorado em Linguística na
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
sua postagem será publicado após aprovação