terça-feira, 29 de setembro de 2015

Brasil é destaque no contexto mundial de doação de órgãos

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Com o slogan “Viver é uma grade conquista. Ajude mais pessoas a serem vencedoras”, a campanha do Ministério da Saúde sobre doação de órgãos procura incentivar e conscientizar as famílias para a importância do transplante. No domingo, 27 de setembro, foi comemorado o Dia Nacional de Doação de Órgãos justamente para lembrar que um transplante pode salvar vidas. Diferente de qualquer outra terapêutica médica, o transplante só ocorre com a doação, por isso a importância da participação da população.
 
No cenário da doação de órgãos e tecidos, o Brasil se destaca no contexto mundial, principalmente por ter o maior sistema público de transplantes do mundo. Segundo o Ministério da Saúde, 95% dos procedimentos são realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O país teve o melhor primeiro semestre da história no número de doadores efetivos de órgãos, tanto em números absolutos quanto na taxa por milhão de população.
 
De acordo com os dados oficiais, de janeiro a junho deste ano, 4.672 potenciais doadores foram notificados, resultando em 1.338 doadores efetivos de órgãos. O doador potencial é aquele paciente notificado com morte cerebral. Para ele se tornar um doador efetivo, os órgãos passam por uma triagem com o objetivo de analisar a aptidão da doação de órgãos do paciente. Além disso, a legislação prevê que a família decida se vai querer ou não doar os órgãos do familiar.
 
Aumento dos transplantes
As doações feitas neste ano possibilitaram a realização de 12,2 mil transplantes, fazendo com que crescessem os procedimentos de órgãos mais complexos como pulmão, coração e medula óssea. Nesse mesmo período, o Brasil alcançou a maior porcentagem de aceitação familiar, que foi de 58%, superando os demais países da América Latina. Na Argentina e no Uruguai esses percentuais são de 51% e 47%, respectivamente.
 
Nos últimos dez anos, o número de transplantes realizados no Brasil cresceu 63,8%, passando de 14.175 procedimentos em 2004, para 23.226 em 2014. No caso dos doadores efetivos, o Brasil atingiu o percentual de 14,2 doadores por milhão de população, superando a meta estabelecida pelo Ministério da Saúde em 2011, que segue os padrões internacionais. O número configura a maior quantidade de doadores efetivos já registrados em apenas um ano no Brasil, com aumento de 43,4%, se comparado com 2010, quando o percentual foi de 9,9 por milhão de população. Em 2014, foram notificados 9.378 potenciais doadores em todo o país, que resultaram em 2.710 doadores efetivos de órgãos.
 
Diminuição da espera
É importante salientar que o destaque do resultado se deve ao esforço e ao comprometimento das equipes multiprofissionais envolvidas diretamente no processo de doação e transplante e, principalmente, à solidariedade das famílias brasileiras, responsáveis por autorizar a doação do seu familiar, fator sem o qual os transplantes de doadores falecidos não aconteceriam.
 
Com a ampliação do acesso, o número de pessoas aguardando por um transplante no país caiu 36% nos últimos quatro anos. Em 2010, 59.728 pessoas estavam na lista nacional de espera e, em 2014, esse número caiu para 38.350. O controle do atendimento aos pacientes é realizado pelas Centrais Estaduais de transplantes, que mantêm em seus cadastros todas as informações sobre compatibilidade e situação de saúde do paciente.
 
Campanha
A Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) lançou uma campanha para divulgar informações sobre a doação de órgãos. Segundo o presidente da associação, Lúcio Pacheco, a campanha quer estimular as pessoas a conversarem sobre este tema em casa. Ele pediu para as pessoas conversarem sobre o tema em casa, relatarem sobre a vontade de fazer a doação com um familiar para que as pessoas saibam sobre a vontade do parente.
 
Pacheco disse que o país faz cerca de um terço dos transplantes que precisa ser feito. “Então, se nos últimos 10 anos, o Brasil vem crescendo em número de transplantes, ainda falta crescer muito”. Ele destacou que ainda é preciso esclarecer as dúvidas da população porque o tema ainda é pouco difundido. “Todas as dúvidas da família devem ser esclarecidas. A doação de órgãos não deforma o corpo do cadáver porque o corpo é recomposto. Mesmo quando você doa pele, ossos ou córnea, tudo é recomposto para que a pessoa possa enterrar o ente querido igual como se ele não tivesse doado os órgãos. Então, esse medo da família é fácil de ser esclarecido.

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