. O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal
Federal, determinou a quebra dos sigilos fiscal e bancário do presidente do
DEM, senador José Agripino Maia (DEM-RN), líder da oposição no Senado,
referentes ao período de 2010 a 2015, e de mais 15 pessoas e empresas ligadas
ao parlamentar.A quebra de sigilos foi apresentada no mês passado pelo
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que investiga desde outubro de
2015 o suposto envolvimento do senador com fraudes na obra da Arena das Dunas,
estádio construído em Natal para a Copa de 2014.Por meio de sua assessoria,
Agripino afirmou que "as providências requeridas vão acelerar o processo
de esclarecimento dos fatos investigados". "Tenho certeza que tornarão
clara a improcedência da acusação que me é feita, de conduta irregular na
construção da Arena das Dunas", declarou.Entre as pessoas que também
tiveram os sigilos quebrados estão o filho de Agripino, o deputado federal
Felipe Maia (DEM-RN), assim como outros familiares do senador, assessores
parlamentares e servidores públicos
. Duas das empresas atingidas com a quebra
de sigilo são do deputado e outras são ligadas ao filho dele ou estão, segundo
a Procuradoria Geral da República, "em nome de interpostas pessoas -
laranjas.No pedido de quebra dos sigilos, Rodrigo Janot apontou "operações
suspeitas de lavagem de dinheiro" envolvendo o senador e destacou que elas
ocorreram "exatamente na época de campanhas eleitorais, em 2010 e 2014"."Isso,
igualmente, indica que os pedidos de doações eleitorais feitos pelo parlamentar
à OAS, prontamente atendidos, podem constituir, na verdade, solicitações e repasses
de propina, de forma dissimulada", completa o procurador Janot citou ainda
relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que apontou
depósitos fragmentados e movimentação atípica. Além disso, o procurador
transcreveu trecho do relatório que afirma que depósitos em espécie em contas
do senador sugerem "tentativa de burla dos mecanismos de controle e
tentativa de ocultação da identidade do depositante".'Valores ilícitos'Ao
pedir a quebra dos sigilos, Rodrigo Janot também afirmou que a apuração até o
momento aponta um "complexo esquema de recebimento de valores ilícitos
para várias pessoas, mediante a utilização de diversas empresas, com a
finalidade de ocultar a origem e o destino final dos recursos envolvidos".
Para Janot, em razão disso, "mostra-se essencial a descoberta da verdade,
com o acesso aos dados fiscais e bancários dos implicados na situação"."Investigações
envolvendo crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, como é a hipótese dos
autos, passam necessariamente pela análise dos dados fiscais e bancários. [...]
O único meio eficaz de prova visualizado neste momento, para o rastreamento da
origem e, sobretudo, do destino dos recursos envolvidos consiste no afastamento
dos sigilos mencionados", destacou Janot.Relator do inquérito, o ministro
Luís Roberto Barroso concedeu o pedido e determinou a expedição de ofícios ao
Banco Central e à Receita Federal na semana passada. Os documentos foram
digitalizados no processo, que não corre em segredo de Justiça, pelo setor responsável
do Supremo nesta semana Para o ministro, a Procuradoria mostrou que a prova
coletada até o momento "aponta para a presença de indícios de condutas
que, aparentemente, se subsumem à descrição de crimes de lavagem de
dinheiro"."Com efeito, há nos autos informações de operações
financeiras realizadas pelo investigado que consubstanciariam indícios da
prática de lavagem de dinheiro. Como explicitado pelo procurador-Geral da
República, estes elementos, aliados aos demais indícios coletados, recomendam o
aprofundamento da investigação com o deferimento da medida requerida", diz
o ministro na decisão.
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