A prefeita do município de Pauini, no sudoeste do Amazonas,
Maria Barroso da Costa, foi presa nesta segunda-feira (9) pela Operação Cartas
Chilenas, da Polícia Federal, em parceria com a Controladoria-Geral da União
(CGU).Maria é acusada de ser a líder de uma organização criminosa que desviou
cerca de R$ 15 milhões de verbas públicas de educação e de saúde. O esquema
fraudulento tinha também a participação do vereador Antônio Barreiros Venâncio
(PR), mais conhecido como Chiba, e do secretário municipal de Saúde, José
Augusto Salvador, que também foram presos, e outros secretários de governo e
servidores da prefeitura.Segundo a PF, o grupo teria desviado recursos do Fundo
de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), do Sistema Único
de Saúde (SUS) e do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei). A investigação
constatou que das 64 licitações analisadas, 44 foram fraudadas.
O chefe da CGU
Amazonas, Marcelo Borges, informou que a denúncia partiu do Ministério Público
Federal. As investigações também constataram que falsos médicos, sem registro
no Conselho Regional de Medicina (CRM), atuavam em Pauini com salário médio de
R$ 20 mil.“O genro da prefeita, que é um falso médico, recrutava estudantes de
medicina da Bolívia e colocava para trabalhar nos hospitais, sendo que há
apenas um médico no município com [registro de] CRM. Então só ele assinava os
laudos e os prontuários. Os falsos médicos atendiam a população de forma
totalmente inadequada. Inclusive, parte do salário deles era entregue para a
prefeita e para o secretário de Saúde”, disse o chefe do CGU Amazonas.De acordo
com Borges, as ambulâncias das cidades também eram desmontadas e as peças
vendidas. “Está tudo lá sucateado, as ambulâncias estão lá, mas não funcionam.
Há denúncias de vendas de peças de veículos oficiais, tanto veículos que foram
cedidos pela União quanto os que foram adquiridos pelo município, que foram
depenados e vendidas as peças. O lucro disso era repartido entre a
organização”, disse.O chefe da CGU Amazonas disse ainda que parentes da
prefeita teriam aberto empresas de fachada para ganharem licitações na
prefeitura.Os participantes do esquema vão responder pelos crimes de corrupção
ativa e passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro, peculato, crimes
de responsabilidade, dispensa indevida de licitação, falsificação de documentos
públicos e exercício ilegal da medicina.A Operação Cartas Chilenas mobiliza 30
policiais federais para o cumprimento de 49 medidas judiciais em Pauini e em
Manaus, no Amazonas, e nos municípios de Rio Branco, Boca do Acre, Epitaciolândia
e Brasileia, no Acre.Os policiais utilizaram dois aviões e um helicóptero para
chegar a Pauini, que tem 10 mil habitantes e é de difícil acesso.
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