domingo, 13 de setembro de 2015

A cada duas horas, um carro é roubado no Rio Grande do Norte

Pátio-depósito da Deprov, na Zona Norte, abriga mais de 500 veículos recuperados
Um telefonema da mãe fez com que Antônio Peixoto, 27, parasse o Fiat Uno branco, ano 1996, numa estreita rua do bairro do Tirol, na zona leste de Natal. Era início da manhã e ele estava indo para o trabalho. Mal desligou o telefone e foi surpreendido por dois homens armados. Os bandidos o arrancaram do banco do motorista e há dois meses ele está sem notícias do veículo.

Em todo o Rio Grande do Norte, os roubos a veículos seguem o mesmo perfil do que aconteceu com Antônio Peixoto: veículos de modelos populares (carros ou motos), crimes sempre entre o início da manhã e fim da tarde e, na maioria das vezes, precedidos de algum tipo de violência. 

Segundo levantamento feito pelo NOVO, com números fornecidos pela Delegacia Especializada na Defesa da Propriedade de Veículos e Cargas (Deprov), a média é de um carro roubado ou furtado a cada duas horas no Rio Grande do Norte. 


“Não esqueço nunca daquela arma apontada para mim”, conta ele, enquanto esperava ser atendido pelos investigadores da delegacia, instalada num imóvel residencial do bairro de Lagoa Nova. Queria saber notícias sobre a investigação. Também pediu que as imagens dele não fossem feitas. O trauma da abordagem ainda está presente na memória. “Não quero ficar relembrando tudo o que aconteceu”, diz.

Em julho, no último boletim fornecido pela delegacia especializada, foram 420 casos registrados em todo o Rio Grande do Norte – 230 motocicletas e 190 automóveis. A média foi de 14 boletins de ocorrência por dia. Em 80% das vezes, a abordagem foi praticada com algum tipo de violência. No entanto, este crime não é mais o fim, mas o meio para novos delitos, afirma o delegado Márcio Delgado. “O roubo é feito para anteceder outro tipo de crime, como um assalto a estabelecimentos comerciais, explosão de caixas eletrônicos ou tráfico de drogas”, explica. 

Natal lidera as estatísticas de roubos e furtos a veículos. Foram 204 casos registrados somente em julho. “A região metropolitana registra mais de 90% deste tipo de crime”, reforça. A incidência abrange ainda as cidades de Parnamirim, Macaíba, São Gonçalo do Amarante, Extremoz e Ceará-Mirim.

Dos crimes registrados, mais de 80% são de assaltos, principalmente à mão armada, cuja ocorrência está situada em dois horários: das 6h às 9h e das 17h às 19h. Os furtos ocorrem quando o veículo é violado e subtraído sem o conhecimento do proprietário. “O crime ocorre no momento em que o proprietário sai ou está chegando à residência”, diz o delegado. 

Ele explica que houve redução de abordagens em sinais de trânsito ou com grande confluência de pessoas, como estacionamento de shoppings e supermercados. “O criminoso procura a vítima no momento de desatenção. A abordagem criminosa é praticada quando está saindo de casa para o trabalho ou na volta dos compromissos diários”, explica.

Hoje, o número de furtos, segundo o delegado, está mais relacionado à desatenção dos proprietários. Carros modernos até têm mecanismo de segurança – alarmes, bloqueadores e rastreadores eletrônicos – que, geralmente, inibem o crime, mas por algum descuido dos motoristas acabam não garantindo a manutenção do bem. “As pessoas deixam os manuais do proprietário e as chaves reservas dentro do próprio do próprio carro. É algo que facilita a vida do ladrão”, reforça.

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